Mais de 3,3 mil pinguins são encontrados mortos em SC em 2025, sendo 2,5 mil só em agosto
23/08/2025
(Foto: Reprodução) Pinguins são encontrados mortos em praia de São Francisco do Sul, em SC
Este ano, 3.342 pinguins-de-magalhães já foram encontrados mortos em Santa Catarina. Desse total, 2.552 só no mês de agosto. Os dados são do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
Apesar dos números parecerem altos, eles estão dentro da média registrada pelo órgão. O g1 Santa Catarina explica nesta reportagem como o desgaste da migração e interações com a pesca causam a morte de indivíduos da espécie, e como ciclones e frentes frias influenciam na chegada das carcaças às praias catarinenses.
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📊Maioria dos pinguins chegam mortos
O PMP-BS divulgou os números de pinguins-de-magalhães encontrados vivos e mortos em Santa Catarina ao longo dos anos. O projeto existe desde 2015.
Os dados mostram variações significativas ao longo dos anos, com picos em 2018 e 2022. Já os menores registros ocorreram em 2015 e 2017.
Em todos os anos, a maioria dos pinguins encontrados estava morta, com número muito superior ao de animais vivos.
Números de pinguins-de-magalhães encontrados em SC
Levando em consideração apenas os pinguins encontrados mortos em cada ano, há uma tendência de redução gradual após 2022. Os anos de menor mortalidade foram 2015, 2016 e 2017, com números abaixo de 1,5 mil.
Por que agosto?
Os números de pinguins encontrados mortos em Santa Catarina têm chamado a atenção na semana. Na Praia do Ervino, em São Francisco do Sul, no Norte do estado, foram mais de 80 carcaças apenas na segunda-feira (18).
Em Florianópolis, 136 corpos foram recolhidos na quarta (20) em Jurerê, uma das mais badaladas praias da capital catarinense. Esses números, porém, estão dentro da média, segundo o coordenador geral do PMP-BS na área de Santa Catarina e Paraná, André Barreto.
Os pinguins-de-magalhães, de nome científico Spheniscus magellanicus, são animais migratórios, explicou o coordenador. Eles saem da Patagônia argentina em busca de alimento e águas mais quentes.
Segundo Barreto, agosto é tradicionalmente o mês com maior número de registros desses animais, o que explica a concentração de mortes nesse período.
"Entre agosto e setembro, cada mês vai responder por uns 50% dos pinguins que a gente encontra no nosso litoral", completou.
Separando apenas o mês de agosto nos últimos anos, houve um pico em 2023 e forte queda em 2024. Em 2025, o número voltou a subir, alcançando 2.552 mortes, um dos maiores valores do período (veja no gráfico abaixo).
🌊Frentes frias e ciclones
A grande quantidade de pinguins encontrados ao mesmo tempo nas praias pode estar relacionada às condições meteorológicas, como frentes frias e ciclones. De acordo com Barreto, ventos intensos provocados por esses fenômenos empurram animais vivos e mortos para mais perto da costa.
"Se tudo continuar como previsto, setembro a gente já vai ter bem menos animais e aí outubro costuma ter bem pouco", continuou o coordenador.
Uma situação diferente em 2025 em relação a outros anos é que há menos animais no Sul do estado. "Nesse ano, a gente está tendo relativamente pouco pinguim no Sul do estado, Laguna e Imbituba. E está tendo muito de Florianópolis até São Francisco do Sul".
Pinguins mortos em Jurerê, em Florianópolis
Associação R3 Animal/Divulgação
Maioria é jovem e na 1ª migração
A maioria dos animais encontrados mortos são juvenis em sua primeira migração, o que os torna mais cansados, debilitados e vulneráveis, segundo o gerente de Operação da R3 Animal, Emanuel Ferreira.
Além do desgaste físico, outros fatores contribuem para as mortes. Barreto explicou que em alguns anos foram encontrados pinguins com muitos parasitas, o que indica uma condição de saúde comprometida por falta de alimento ao longo do tempo.
“Esses parasitas não se desenvolvem de um dia para o outro. Quando aparecem, é sinal de que o animal já estava debilitado há algum tempo”, afirmou.
Resgate de pinguim debilitado em Florianópolis
Impactos da pesca
A ação humana também representa risco. Barreto relatou que, ocasionalmente, pinguins são encontrados mortos em redes de pesca.
Para investigar as causas das mortes, as equipes de monitoramento recolhem as carcaças para exames. No entanto, muitas vezes os animais já estão em avançado estado de decomposição, o que dificulta a análise.
“Os pescadores colocam as redes para capturar peixes, mas acabam pegando outros animais, como pinguins, tartarugas e golfinhos. Em áreas com pesca mais intensa, vemos sinais de emalhamento em alguns indivíduos”, completou.
Os poucos pinguins que chegam vivos às praias, mas estão debilitados, recebem atendimento veterinário para serem reabilitados e devolvidos à natureza.
Pinguins mortos em Florianópolis em julho
Associação R3 Animal/Divulgação
Conheça espécie e percurso de pinguins que chegam a SC
Ben Ami/NSC
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