Polícia vai investigar mulher e outros torcedores após falas racistas e xenofóbicas no jogo Avaí x Remo
18/11/2025
(Foto: Reprodução) 'Olha a tua cor': torcedora do Avaí grita falas racistas e xenofóbicas
A torcedora do Avaí Ana Costa, que aparece em vídeo gritando frases racistas e xenofóbicas durante a partida contra o Remo, no estádio da Ressacada, em Florianópolis, será investigada pela Polícia Civil. A investigação ficará a cargo da Delegacia de Repressão ao Racismo e Delitos de Intolerância.
O caso aconteceu no último sábado (15). A corporação também vai apurar a conduta de outros torcedores envolvidos nas hostilidades.
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'Olha a tua cor' e 'Pobre aqui não fica': o que disse a torcedora
Inicialmente, o caso seria investigado pela 2ª Delegacia de Polícia da Capital, que havia marcado o depoimento da torcedora para esta quarta-feira (19). Porém, como a investigação ficará com outra delegacia, a mulher será ouvida em outra data.
"Não vamos permitir que condutas como essa ocorram em nosso estado, sobretudo em estádio de futebol", disse o delegado Paulo Caixeta, responsável pela Delegacia de Repressão ao Racismo e Delitos de Intolerância.
A mulher e outros torcedores podem responder por racismo, injúria racial e xenofobia, crimes previstos na lei número 7.716/1989. A pena pode chegar a cinco anos de prisão.
Em nota, a defesa de Ana Costa disse que ela pediu desculpas e que ela foi alvo de agressões verbais e ataques pessoais momentos antes.
Além da Polícia Civil, o Ministério Público de Santa Catarina abriu um procedimento na 40ª Promotoria de Justiça para apurar "possível crime de racismo em decorrência de suposta xenofobia".
Em seu site oficial, o Avaí repudiou os atos, lamentou o ocorrido e afirmou que está colaborando com as autoridades, repassando todas as informações necessárias. Disse também que o "racismo é um crime grave que não pode ser tolerado dentro ou fora dos estádios".
Também em nota, o clube do Remo repudiou os atos e classificou como "repugnante e uma clara manifestação de racismo e intolerância", exigindo punição aos responsáveis.
Torcedora do Avaí grita falas racistas e xenofóbicas a torcedores do Remo
Reprodução
O que a torcedora gritou no estádio?
As falas racistas e xenofóbicas da torcedora foram gritadas na partida de sábado no estádio Aderbal Ramos da Silva, conhecido como Ressacada, em Florianópolis. As palavras dela foram direcionadas a torcedores do Remo. Ela gritou o seguinte:
"Vai de jegue?"
"O que é que tem no Pará? Seu feio!"
"Gastou o salário para vir, agora vai embora a pé"
"O prefeito não quer aqui em Floripa tu" (em alusão ao vídeo feito por Topázio Neto sobre o trabalho da assistência social na rodoviária de Florianópolis)
"Olha a tua cor"
"Pobre aqui não fica"
"Quer comer? Está com fome? Ali tem a comidinha de graça"
O prefeito de Florianópolis, também citado pela mulher no vídeo, se manifestou sobre o caso nas redes sociais. Segundo ele, o caso deve ser investigado e a criminosa, punida.
"Em nome de Florianópolis, peço minhas sinceras desculpas ao povo paraense e ao torcedor do Remo que foi vítima de racismo e xenofobia por uma torcedora do Avaí. O caso deve ser investigado e a criminosa, punida. Esse tipo de comportamento tem que ser condenado por todos nós todos os dias".
Nota na íntegra da Polícia Civil
"A Polícia Civil de Santa Catarina, por meio da Delegacia de Repressão ao Racismo e a Delitos de Intolerância (DRRDI) da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC), vai investigar a conduta de uma torcedora do Avaí, que proferiu palavras de cunho racista e xenofóbico contra um torcedor do Clube do Remo, de Belém do Pará, nas arquibancadas do Estádio da Ressacada, em Florianópolis, no último sábado (15/11). Outros torcedores, que participaram das hostilidades, também serão investigados. A Polícia Civil recomenda que todos os torcedores, que foram vítimas das ofensas registrem um Boletim de Ocorrência. Os autores serão identificados, ouvidos pela Polícia Civil e, podem responder pelos crimes de racismo, injúria racial e xenofobia, Lei nº 7.716/1989 (Lei do Racismo), com pena de reclusão de 2 a 5 anos."
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